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sábado, 20 de junho de 2009

Alfabetização Oral Sociolinguística



Estamos lendo o texto " Práticas de linguagem oral e alfabetização inicial na escola: perspectiva sociolinguística" de Erik Jacobson. Achei que esse texto é um complemento do "Contexto de Alfabetização na aula" , pois para desenvolvermos as atividades de leitura e escrita temos que levar em consideração a linguagem oral utilizada em casa pelas crianças. E esse texto tem como cerne esta questão, em nosso país tão grande há uma diversidade linguística regional enorme e a escola tenta impor sua norma linguística como se ela fosse comum a todos os alunos e acaba gerando o preconceito linguístico, que é a supervalorização da língua escrita e desprezo da língua falada, e o livro didático juntamente com a gramática e o ensino tradicional contribuem para a persistência no uso da linguagem normativa ou culta. Jacobson usa o termo " múltiplas alfabetizações" para descrever as várias formas de o professor organizar as práticas de leitura e escrita, onde este deve procurar entender essas práticas das crianças em suas casas ou comunidades e não apenas ensinar a codificar. "Se o contexto de alfabetização familiar se parece com o contexto de alfabetização escolar, a transição é mais fácil para os meninos e meninas"(JACOBSON, E. pg. 86). Já que toda atividade letrada tem práticas sociais, a escola é esse lugar de socialização dessas práticas e por isso a importância de a escola fazer uma ponte com a realidade linguística das crianças a fim de elas perceberem que o que estão aprendendo podem de fato utilizar em seu cotidiano. O docente deve colocar situações-problema para que as crianças possam refletir sobre as formas de escrita e fala, mostrar os diferentes contextos, situações que podemos falar e escrever, exemplo: O professor pode dizer ao aluno que ele pode dizer bunito ou bonito, mas que só pode escrever bonito porque é preciso uma única ortografia para toda a língua e isso é importante para que todos possam ler e compreender o que está escrito. É apenas uma tentativa de representação gráfica do que nós falamos. Crianças oriundas de contextos quase analfabetos podem pensar que têm problemas de aprendizagem, mas muitas vezes a escola não valoriza a forma das suas linguagens. O docente e a escola deveriam reconhecer os diversos dicursos de linguagem utilizado pelas crianças.

A leitura de contos é uma prática alfabetizadora de casa e as crianças através dessa leitura já praticam quando escutam e lêem os tipos e gêneros textuais, por isso que é interessante o professor partir dessa realidade a fim de ampliar e mostrar os diversos tipos de textos e formas contextuais na alfabetização. O docente pode identificar quais os textos que as crianças gostam para desenvolver atividades de alfabetização e quem sabe até uma língua estrangeira.

A mudança no uso da linguagem pode trazer mundança na identidade social, sendo assim o professor deve desenvolver seu senso crítico e refletir como os contextos sociais estão vinculados ao poder exercido sobre a linguagem dentro e fora da escola.



Uma dica de leitura é o livro " Preconceito linguístico" de Marcos Bagno, o livro explica os mitos sobre a língua materna e descontroe todo o preconceito linguístico

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